Centro Estadual de Convivência da Família Teonízia Lobo reúne jovens do Mutirão para tratar sobre saúde mental

Texto: Margarida Galvão/ Foto: Kerolyn Leigue

 

Em alusão ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado nesta sexta-feira (10/09), o Centro Estadual de Convivência da Família (CECF) Teonízia Lobo, no Mutirão, entre as zonas norte e leste de Manaus, reuniu mais de 60 jovens e adolescentes, no final da tarde de quinta-feira (09/09) para participarem da palestra “Toda vida Importa”, que trata da prevenção ao suicídio e valorização da vida. Os participantes são oriundos da própria comunidade, pertencentes aos grupos “Buscando Sonhos” e “Raça Rubro Negro-RRM”.

Mantido pelo Governo do Amazonas, sob o comando da Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas), o CECF Teonízia Lobo tem parceria com mais de 25 projetos, que somam em torno de 1.500 jovens que frequentam as atividades do centro. Atualmente, por conta da pandemia, essas programações no local, em sua maioria, têm sido feitas de forma remota, por meio das redes sociais.

O diretor do equipamento público, Hefranio Maia, disse que a programação do “Setembro Amarelo”, mês dedicado à prevenção ao suicídio, foi feita de forma presencial, com um grupo pequeno, no auditório do centro, obedecendo às regras de distanciamento social, uso de máscara, álcool e gel e a apresentação da carteirinha de vacinação com as duas doses tomadas.

Prevenção – O palestrante Ernandes Matias, enfermeiro do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil Leste (CAPSi Leste), disse que o espaço é fundamental para divulgar informações sobre saúde mental, tendo em vista que o maior índice de suicídio ocorre em adultos jovens, entre 15 e 29 anos. Por esse motivo, disse ser fundamental repassar o máximo de esclarecimentos sobre a importância da vida e dizer não ao suicídio.

“Esses jovens se tornam multiplicadores de informações e podem ajudar outras pessoas que estejam sofrendo com transtornos mentais causados por vários fatores como desemprego, uso de entorpecentes e outros”, disse o enfermeiro, lembrando que, no Brasil, cerca de 12 mil pessoas cometem suicídio por ano, enquanto no mundo esse número atinge 1 milhão.

Segundo Ernandes Matias, o CAPS recebe vários casos de adolescentes com diversos transtornos em saúde mental, cuja maioria traz relatos de tentativas de suicídios, mutilações e isso preocupa os trabalhadores da área de saúde. “As lesões autoprovocadas estão presentes em muitos dos adolescentes, principalmente neste período de pandemia, por conta do isolamento social e a gente precisa entender o que está acontecendo e saber como manejar essa crise”, sintetizou.

Depressão – Pelo fato do centro ter contato direto com a comunidade, Hefranio Maia disse ser perceptível observar no meio da juventude um aumento nos casos de depressão, levando muitos jovens a se automutilar em momentos de angústia e solidão, bem como, a cometer suicídios. “Pensando em reduzir esses índices de violência intrafamiliar, o centro tomou a iniciativa de procurar os órgãos competentes que trabalham como essa temática como CAPS e outros, para juntar força dentro de uma campanha no bairro Mutirão e Novo Aleixo para reduzir os índices de violência contra si próprio, que é o suicídio”, informou.

Programação – Além da palestra, os jovens assistiram a peça teatral “Sinais S.O.S Vida”, abordando a mesma temática, seguido de um lanche. No final da tarde, participaram de um torneio de futebol e futsal na quadra de esportes do centro.

Para o estudante Sander Luiz Menezes, 16 anos, a palestra foi fundamental para esclarecer sobre crises suicidas, isolamento e a importância do acolhimento. “Qualquer pessoa pode ajudar, basta estar disposto a ouvir e acolher”, disse.

Por sua vez, Aldiney Almeida (17) aprendeu que acudir um amigo quando estiver triste, deprimido, pode levar a salvar uma vida.