Casa do Migrante Jacamim acolhe pessoas em trânsito em situação de vulnerabilidade

Texto: Margarida Galvão / Fotos: Jander Souza -SEAS

A Casa do Migrante Jacamim, acolhimento imediato e emergencial, na modalidade casa de passagem, é uma das ofertas de serviços socioassistenciais oferecidos pelo Governo do Amazonas para atender o cidadão em situação de vulnerabilidade. Administrada pela Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), a casa, situada na avenida Mário Ypiranga, Flores, na zona centro-sul, distingue-se por ter um fluxo rápido, uma vez que recebe indivíduos em trânsito, seja de nacionalidade brasileira ou estrangeira, com uma permanência máxima de 90 dias.

Estruturada para receber no máximo de 50 pessoas, a casa caracteriza-se pela oferta de acolhimento imediato e emergencial, distingue-se por ter um fluxo mais rápido, uma vez que recebe indivíduos em trânsito, com uma permanência máxima de três meses. O público-alvo são os migrantes estaduais, nacionais e internacionais. A casa oferece cinco refeições ao dia – café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia, por meio de contrato de fornecimento de alimento com uma cozinha terceirizada, especializada, que faz toda a manipulação, preparação e ainda serve o alimento.

 


Tudo no local é subsidiado pelo Governo do Estado, que oferece um atendimento integral, completamente gratuito, que passa pelo espaço seguro para moradia, material de higiene e de limpeza, alimentação, além de acompanhamento e atendimento psicossocial. “Aqui nós atendemos o acolhido e fazemos referência à rede de atendimento: Se ele tiver necessidade de ser atendido pela área de saúde encaminhamos para a Unidade Básica de Saúde (UBS); fazemos o mesmo na área de educação, cujas crianças são inseridas na rede de educação”, informou a diretora do Jacamim, Soraya Bezerra de Araújo, ressaltando que vão começar as aulas e que todas as crianças que se encontram na Casa estão matriculadas, inclusive os filhos dos venezuelanos, tendo sito feito todo o processo de inclusão.

 

 

Fluxo – De acordo com Soraya Bezerra de Araújo, o fluxo de entrada e saída na Casa do Migrante é muito grande. Em linhas gerais, são oferecidas 20 vagas para migrantes brasileiros e 20 para estrangeiros, hoje ocupadas por venezuelanos que se encontram em situação de extrema vulnerabilidade, entre os quais mães com filhos que estão em Manaus e não têm para onde ir, outras com gravidez de alto risco. “As dez vagas restantes são utilizadas por pessoas que fazem Tratamento Fora do Domicílio (TFD)”, frisou, ressaltando se tratar de um atendimento específico para pessoas que vêm de outros municípios amazonenses e até estados da região Norte, com problemas de saúde para fazer o tratamento em Manaus.

 


Segundo a diretora do Jacamim, essa demanda surge regulamente, daí a necessidade de reservar algumas vagas para esse tipo de público. Soraya Bezerra de Araújo explica que cada acolhido passa por vários atendimentos no decorrer de sua permanência na casa de passagem, além de ter direito a cinco refeições diárias.

Por se tratar de um local seguro, que oferece alimentação e, em alguns casos, acompanhamento psicossocial e transporte, além de acompanhamento ao médico, caso o acolhido não tenha acompanhante para ir às consultas ou exames em hospitais. Soraya disse que um profissional do abrigo o acompanha. “Normalmente, são mulheres com gravidez de alto risco, pessoas com câncer, transplante de rins, pós-operados, que são atendidas dentro do limite de vagas que temos”, sintetizou.

No que diz respeito ao fluxo migratório, foram disponibilizadas 20 vagas específicas para os venezuelanos, que poderiam destinadas para outros povos. “Se o Estado precisar dar respostas para os haitianos, colombianos, ou outros povos, serão atendidos, haja vista que a casa é para migrantes não importa de onde venham”, disse Soraya Bezerra de Araújo, lembrando que há mais de uma década a capital amazonense passou a ser refúgio para populações que tentam escapar da fome e de catástrofes naturais. Nas ruas da capital amazonense, haitianos e venezuelanos buscam sobrevivência diante das fragilidades existentes nos seus países de origem.

Acompanhamento médico – Stherferson Alves de Oliveira11 anos, e a mãe Júlia Pascoatina de Oliveira são oriundos de Machadinho do Oeste, Porto Velho (RO). Há sete anos, eles se tornaram frequentadores do Jacamim. “Em Manaus, a nossa moradia é aqui”, diz o menor, que faz acompanhamento médico fora do domicílio. De duas a três vezes por ano, eles ficam em torno de 25 a 30 dias na Casa do Migrante fazendo acompanhamento médico na Fundação Hemoam, para tratamento de uma anemia hemolítica. “No nosso Estado não tem tratamento para esse tipo de doença”, informou.


Júlia Pascoatina de Oliveira disse que os médicos informaram que não há cura para o filho, que tem períodos de melhora e períodos em que está mal, por conta do mau funcionamento do sistema imunológico. Como não tem parentes em Manaus e nem condições de se manter com o filho em um local de hospedagem, a mãe agradece a existência do Jacamim, onde são bem tratados. “Além da alimentação e dormida, o local oferece atendimento das assistentes sociais, psicólogos e a diretoria nos trata muito bem. Somos muito bem acolhidos”, sintetizou.  O menor Stherferson Oliveira estuda e vai cursar a sétimo ano do Ensino Fundamental em 2020.
Ciclo do abrigamento – O ciclo de acolhimento consiste em identificar as demandas das pessoas que chegam ao Jacamim e trabalhar o perfil delas. A equipe da Casa do Migrante é formada por assistentes sociais e psicólogos, que fazem a identificação das demandas dos usuários, verificam se o acolhido possui a documentação básica e questões relacionadas à saúde, assistência social, educação e empregabilidade. Em casos de desemprego, o abrigo mantém contato com a Secretaria de Estado do Trabalho (Setrab), e, na possibilidade de existir vagas com perfil do acolhido, é feito o encaminhamento. “É um público fragilizado, de alta complexidade, que precisa muito do nosso apoio, daí a necessidade de ter todo um cuidado para se aproximar, conversar, para tentar encontrar uma solução a fim de que a pessoa saia daqui com um pouco de autonomia”, disse.


Atendimentos realizados – O Serviço de Acolhimento Institucional Casa do Migrante realizou no ano passado 477 acolhimentos, entre adultos e famílias. Também foram computados no decorrer do ano, 682 atendimentos psicossocial, 282 psicológico e 752 sociais, somando 1,71 mil atendimentos. O número de refeições servidas em 2019 foi de 27,83 mil. Em janeiro de 2020, já foram realizados 25 acolhimentos, que resultaram em 59 atendimentos nas áreas psicossocial, 83 social e 63 psicológico, que atingiram o somatório de 205. O número de refeições servidas foi de 3,26 mil.